Como sabem, depois de décadas a viver em Lisboa, troquei a confusão de carros da capital pela confusão de pardais, milhafres e cegonhas do Alentejo. Mudei-me para a região mais silenciosa, quente e calma do país. Como se não bastasse, encontrei um local mesmo longe de tudo, onde nem o silêncio e a calma já se ouvem. Adoro. Gosto de ter o meu espaço longe de tudo e quando me apetece, a quase 2 horas de condução, voltar a encontrar a confusão da qual fugi.
Dito isto, não pensem que sou um homem do campo, aliás, essa parte nem sequer estava no plano. Há quem sonhe com o seu cantinho de horta ou ervas aromáticas, um bom local para mostrar aos filhos como nascem as coisas, que não crescem dentro de embalagens num supermercado. Não, nada disso. Só o facto de saber que existem ferramentas agrícolas numa arrecadação, provoca-me arrepios e alergias. Há quem diga que eu mudei de cidade mas sem ter mudado de estilo de vida. Talvez seja verdade. Não o faria se não tivesse à minha volta toda aquela parafernália que já fazem parte da minha vida como internet, computadores, wifi, tablet, micro-ondas, ar condicionado nos quartos, esquentador inteligente, toalheiros aquecidos à lord, etc.
Mas atenção, há uma parte que ainda não está bem resolvida. O Alentejo bem pode ser a região mais quente do país, a que tem mais horas de sol num ano, mas no Inverno, meus amigos, o frio é tanto que, nas minhas habituais alucinações, vejo ursos polares e pinguins a refrescarem-se nas charcas.
Depois de muito pesquisar, encontrei algumas alternativas: ar condicionados industriais ou aquecimento térmico por painéis solares. Já que estou numa região solarenga, talvez não seja má ideia apostar num painel solar. Além de ser um uma tecnologia amiga do ambiente, é uma energia limpa, significa que assim posso continuar a ligar o wifi, o tablet e navegar na internet enquanto, lá bem ao fundo, oiço um tractor a lavrar o campo. Ainda bem que alguém trabalha nesta terra.