quinta-feira, novembro 23, 2006

Igual como o sabor da Coca-Cola. Todos os meus dias permanecem idênticos uns a seguir aos outros. Acordo sempre estremunhado, desamparado e um vencido na luta diária contra o despertador Sony que casou comigo desde que mudei para o calmo Condomínio Gaivotas no Tejo, a apenas 5 minutos de Lisboa. Mas todos os dias acordo com a esperança de que esse dia que acorda connosco será diferente, que a luz que inunda as ruas revelará o sentido que procuro para a minha vida.
Esse dia chegou esta manhã. Revelada na mais bela criatura que encontrara em todas essas manhãs estremunhadas. Numa qualquer carruagem de comboio, encostada praticamente a um anúncio do novo e delicioso Nescafé, lá estava ela, prostrada como uma rainha aguardando vassalagem de todos os homens que se encontravam ali, de olhar fixo no dito anúncio. Se tivesse comigo a minha máquina Nikon D70 s, guardaria esta imagem para sempre. As suas calças Miss Sixty desenhavam graciosamente as linhas do seu corpo Danone e desciam até mergulharem numas botas Diesel da nova colecção de Inverno 2006. Um casaco de algodão Replay escondia uma camisa branca com flores estampadas da Stefanel. Os óculos de massa Armani, escondiam uns olhos verdes que atrairam de imediato o meu olhar. Perfeita para um capa de revista masculina como a FHM ou a MaxMen. Num ligeiro movimento da carruagem, o sol fez desviar o meu olhar para os seus longos cabelos loiros, um cabelo Pantene perfeito que descaía sobre os ombros camuflando dois pequenos fios brancos. Suspirei de alívio. Obtivera agora a certeza de que não escutava os meus pensamentos pecaminosos estando abstraída com o poderoso som do seu iPOD de 30 Gigas. Sem pestanejar ou sequer avisar, olhou para mim. Desprevenido, desviei o meu olhar para fora da carruagem e fixei-me demoradamente no anúncio do novo Seat Leon, 1.9 Tdi que se encontrava afixado na estação. Fiquei assim algum tempo para me cerrificar que o olhar dela já não me procurava. Olhei de soslaio para o meu Swatch e franzi o sobrolho propositadamente para disfarçar. Não sei se ela reparou neste meu momento de inspiração porque quando quis procurá-la de novo já ela se ocupava a vasculhar a sua mala DKNY. Cada gesto assume-se como uma sequência de sedução cuidadosamente planeada. Agora tenho a certeza de que ela sabe que a sigo com o meu olhar. Neste jogo de sedução e troca de olhares, vejo-a assumidamente a olhar na minha direcção. Mostra-me o seu sorriso Pepsodent e, num tom desafiador, chama por mim. Eu levanto-me e voo na sua direcção num passo seguro e confiante. Sinto o seu hálito Halls Vitamina C e deixo-me enfeitiçar pelas suas palavras: “O senhor importa-se de me dar o seu lugar que está reservado para idosos? É que eu tenho aqui umas dores nas costas e isto nem com Ozonol vai lá!”. É impressionante o que a imagem faz hoje em dia. Mas mais impressionante é o que a Clínica Dermo Estética em Espanha também pode fazer por si. Ligue hoje mesmo pelo 808 21 21 20 e obtenha resultados surpreendentes em qualquer lugar, a qualquer hora.



PS- Chegaram os post com "brand placement". Fomos pioneiros. Temos o exclusivo. Anuncie nos nossos textos. Contacte-nos.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Macacos me mordam

Quando um médico obriga a jejuar até 4 horas antes de um TAC aos seios perinasais, significa que não posso comer burriés?

sexta-feira, novembro 10, 2006

...

Diz um Informático a outro:
"Estou tão farto do RAM RAM do dia-a-dia..."

terça-feira, novembro 07, 2006

A estratificação social.

A sociedade divide-se hoje em mil pequenos grupos. As camadas sociais assemelham-se um enorme bolo. Onde antes havia um bolo de chocolate com a base e a cobertura há agora um mil folhas.

Isto faz com que ande por ai muita gente baralhada com quem é quem nesta vida.
Não pretendo conhecer todas as subdivisões que os tempos modernos fizeram nas camadas sociais. Desde cedo que o homem começou a complicar. Primeiro, no tempo das cavernas era simples: elas, eles, fortes, fracos, velhos e novos. Não chegava e o homem complicou: a estes juntaram-se mais tarde os ricos e pobres, o povo, a nobreza e a burguesia . A isto juntavam-se ainda as várias religiões. Ainda não satisfeito nos tempos actuais atinge-se o clímax da coisa. Hoje em dia, temos para além desta gente toda, os travestis, os paneleiros, as lésbicas, os atléticos, os obesos, os anorécticos, os sidosos, as modelos, etc, etc, etc. Depois, os ricos que podem ser empresários (ou bandidos), ou herdaram e são uns playboys, ou sei lá que mais. Os pobres podem ser extremamente pobres e viver com um euro por dia, ou menos pobres e viverem com o ordenado mínimo. Depois há a classe média, uma amálgama de gente difícil de qualificar.
Fizeram ainda divisões pela nível educativo: há os senhores Doutores, engenheiros e os consultores e os mestres e os que têm as pós graduações e no oposto os que só têm a quarta classe ou são iletrados.
Depois acharam que deviam dividir as pessoas pelos desportos que fazem: radicais, surfistas, a malta dos cavalos, etc. Não contentes, acharam que os hábitos de consumo e estilo de vida também interessavam: metrosexuais, ubersexuais, consumistas, etc.
Não satisfeitos com todas estas divisões ainda se criaram outras subespécies: os bardasquitos, os betos, os fashion, os wannabe, os intelectuais, os mitras, os sei lá que mais.
Ora eu, que por razões de trabalho sou obrigado a classificar os targets (que para marketing, podemos até ser nós) tinha por vezes o tal do target definido assim:
Classe A,B, Sexo masculino entre os 45 e os 54, urbanos, gostam de se vestir bem e cuidar do corpo, são atléticos – são fashion, ateus, homossexuais que trabalham na industria terciária na área dos serviços e têm instrução superior.

Isto está um granel.
Acho que se devia simplificar a coisa e proponho apenas que seja assim:
Sexo: Gajos, gajas e maricas (eles ou elas)
Idade: Crianças, adultos e velhos.
Qualitativo: Pobres, ricos e assim-assim.
Demográfico: Malta do campo e malta da cidade.
Psicológico: Malta com estilo e malta sem estilo.
Profissional: Políticos e outros.

Assim, para um marketeer era mais fácil definir o target do seu produto, e pegando na definição atrás utilizada teríamos apenas algo assim:
São velhos maricas, ganham assim-assim, malta da cidade com estilo e trabalham em outras profissões.

E tu já sabes o que és?



quinta-feira, novembro 02, 2006

Sem Título - Reedição (Cap.II)

Duas mãos, largas, conversam animadamente na rua:
Mão Esquerda: é pá, no outro dia o Sporting teve um azar do caraças...
Mão Direita: O quê?
ME: Estava a dizer que no outro dia o Sporting teve um azar do caraças...
MD: Espera, deixa-me desligar o iPod. Pois é, à conta de uma colega nossa perdeu 3 pontos no campeonato...
ME: É sempre uma chatice ver a nossa classe prejudicar vítimas inocentes, mas o que é que se há de fazer.
MD: Mas a culpa também é dos jogadores que não têm mão naquilo que fazem.
ME: Mesmo assim, é uma vergonha para nós, é como se tivéssemos as unhas porcas. Odeio.
MD: Arghh, isso é nojento, muito pior do que ter calos.
ME: Mas mau mau é quando temos de coçar sítios pouco ortodoxos. Passa-me uma coisinha má pela cabeça, que nem consigo olhar a direito!
MD. Podes crer. No outro dia levei com o espirro em cima e não foi nada agradável. Já sabia de antemão que iria acontecer mas uma mão não é de ferro, não é? Passei-me...
ME: O que fizeste, pá?
MD: Limpei-me a uma manga de casaco que vinha em contramão na rua.
ME: Lindo! Eh, eh...És uma mão cheia de traquinice!
MD: Diria mesmo que sou uma mão de obra!
ME: Ehehehe...
MD: Bem vou ouvir um pouco mais de música, não te importas não?
ME: Nada. O que estás a ouvir?
MD: Mão Morta.