terça-feira, dezembro 19, 2006

Apologismo do Eu

Tu que me conheces, sabes como eu sou. Não sou pessoa para me gabar. Sou até bastante humilde. Um dos melhores humildes que conheço.
Agora que o ano está a chegar ao seu terminus, é chegado o tempo de fazer um balanço. Não de 2006 mas sim da minha vida. As pessoas escrevem mails a perguntar por mim. E é claro que eu não consigo recusar uma oportunidade para falar da pessoa mais importante da minha vida. Aqui ficam algumas pistas para que me possas conhecer melhor antes de me ofender:

.Tenho orgulho em ter sido rejeitado à nascença porque ao longo da minha vida encontrei pessoas que me acolheram bem no seu seio. Em todos os sentidos.
.Tenho orgulho em ser adoptado porque, para além de estar na moda, é bom começar com uma boa história de vida.
.Tenho uns pais chatos como a putassa, mas são os meus pais e tenho orgulho neles. E aposto que os vossos conseguem ser tão chatos como os meus.
.Tenho orgulho dos meus amigos, dos que ficaram na minha vida e de todos aqueles que ficaram na categoria de “potenciais”. A todos os conhecidos que por aí pululam, saudações.
.Tenho orgulho de, na minha adolescência, ter passado ao lado da fase heavy-metal. Não passei ao lado das borbulhas na cara.
.Apaixonei-me uma centena de vezes. Por ano.
.Tive uma banda rock. Tive uma “boys band pimba.”
.Já toquei ao vivo para centenas de pessoas, desafanei perante outras tantas e já senti o inebriante som de aplausos.
.Já gravei uma maquete de música e um potencial CD de sucesso inigualável.
.Sei tocar razoavelmente guitarra, baixo, bateria e sei tanto de piano como de sombras chinesas. Ou seja, alguma coisa.
.Já fiz um inter-rail pela Europa.
.Já fiz um “coast-to-coast” pelos EUA. Já fiquei bêbado em Las Vegas e já vi o nascer do sol no Grand Canyon.
.Já fiz uma mini-torné europeia em companhias de aviação low cost.
.Já trabalhei no estrangeiro. Fui convidado para projectos internacionais mas não me esqueço dos tempos em que ganhei dinheiro a apanhar fruta.
.Fui premiado na minha área. Mas não me esqueço quando fui eleito, por todos os velhos, velhas, moças e moçoilas lá da terra, como o melhor apanhador de fruta desse ano.
.Já escrevi livros, plantei árvores, escalei serras e filhos não os tenho.
.Já fumei dois maços por dia e já lá vão mais de 930 dias que não fumo.
.Borrado de medo, já pisei uma cobra, já tive outra ao pescoço e fui electrocutado em pleno mar por um bicho estranhíssimo que ainda hoje a comunidade científica tenta etiquetar.
.Já fiz trecking na selva sul-americana, subi um rio venezuelano durante 5 horas numa piroga e conheço com detalhe a maior parte das linhas de comboio abandonadas do nosso país porque já as fiz a pé.
.Já tive pen-pals. Duas americanas e uma sueca.
.Já entrei num concurso televisivo e foi uma das piores experiências da minha vida. Estive quase a com um automóvel nas mãos mas saí de lá a pedalar uma bicicleta.
.Já ganhei dinheiro na internet.
.Já corri à frente de vários ciganos para não me catarem o dinheiro.
.Já vendi e fui cigano quando enganei muita gente na Feira da Ladra.
.Já tive cabelo com crista, rapado, à monga, à tigela mas nunca comprido.
.Apesar de nunca ter nunca andado à porrada, já levei nos costados de uns húngaros às três da manhã no meio de Budapeste.
.Tive a sorte de não ir muito longe para encontrar a pessoa da minha vida.
.E estou muito feliz de ainda estar vivo em 2006. E tu, o que andaste a fazer para desgraçar a tua vida?

domingo, dezembro 17, 2006

2007 com novo visual

O nosso blog entra em 2007 com novo grafismo, dinamismo, riquismo e algum histerismo. Um novo visual que vem abrilhantar as doces e afáveis palavras que emergem na nossa vida. Ou então outra coisa qualquer.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

É o choque, a consternação!

Ia eu ontem tão contente com a vida. Já tinha saído do trabalho (haverá coisa melhor?), dirigia-me calmamente para mais umas compras de Natal no meu belo carrito. E pensava, ao mesmo tempo que cantarolava a música da rádio, que a vida é uma coisa boa, simpática, agradável de ser vivida. Não é que goste particularmente do Natal porque não gosto. Até acho que é a época do ano em que se armazena mais lixo em casa. Mas até ia com satisfação para mais uma missão natalícia. Eis senão quando a voz dura e seca do bloco noticioso invadiu o habitáculo. E a tristeza abateu-se sobre mim. Não podia ser verdade...mas era: o Galeto, “a Instituição” estava como que “suspenso”, para não dizer fechado, por más condições sanitárias. Oh!. Comecei imediatamente a fazer cálculos de todos os bifes tártaro que já lá tinha ingerido, das batatas fritas, croquetes e da língua estufada. Imaginei os milhões de bactérias com um “G” de Galeto a percorrerem o meu organismo e senti-me sem norte.

Felizmente, li hoje que a ASAE (Autoridade da Segurança Alimentar e Económica) está impedida de deliberar há um ano e, dos 10.000 casos de prevaricação fiscalizados, nenhum foi condenado. Voltei a sorrir.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Com os pés de fora

Irrita(m)-me...
...que o Sporting perca
...ter de trabalhar
...quando a Internet está lenta
...encontrar um cabelo na sopa
...intervalos na TV com 25 minutos

...o toque do telemóvel
...o custo das revisões do carro
...erros ortográficos
...preencher o IRS
...a música dos Queen
...os anúncios de perfume
...as “chain-letters” na net
...o chocolate espanhol
...o parque do El Corte Inglés
...as compras de Natal
...os arrumadores de carros
...ir ao cinema e não gostar do filme
...a roupa que encolhe
...a caspa
...livros com letra muito pequena
...que os electrodomésticos avariem
...perder dinheiro
...não me lembrar de mais nada que me irrite.



segunda-feira, dezembro 04, 2006

Assembleia da República sem papel!

Não se assustem com este título sensacionalista, cujo objectivo é apenas captar a vossa atenção (coisa que conseguiu). Eu explico. Eu vejo o canal parlamento. Vejo-o com o espírito de quem vê o Big Brother. Só que aqui, temos 230 espécies enclausuradas em regime provisório e raramente há sexo. O papel higiénico da Assembleia nunca pode acabar, porque a merda lá nunca acaba e o que eu queria dizer, para aqueles que imaginavam os deputados a limpar o rabo com as mãos (como fazem os Indianos), é que acabaram as impressões (apesar de eles permanentemente nos causarem uma má impressão) em papel. Acabou foi o papel dos documentos, o papel impresso. Agora tudo circula por bites e bytes de informação. Os Mb e os Gb circulam onde antes circulava o Couché mate e o Navigator de 80 grs.
Vi com interesse, um ministro entregar aos seus colegas o orçamento de estado dentro de uma pen drive. É o choque tecnológico a entrar na política e as fotografias que apareciam nos jornais, com o ministro a entregar várias pastas com o orçamento, são uma imagem do passado. Agora as imagens são as do ministro a entregar a dita pen drive.
Mas desenganem-se se acham que vida deles ficou mais fácil. A primeira dificuldade surgiu na retórica argumentativa dos deputados que se viu obrigada a adaptar-se a estes novos tempos. Transcrevo aqui, reproduzida fielmente, uma dessas conversas.
- Senhor Deputado, aqui lhe entrego uma Pen onde poderá verificar os documentos que eu refiro como anexos referentes à proposta em discussão.
- Senhores deputados queiram por favor respeitar esta instituição e utilizarem a língua portuguesa.
- O senhor deputado por gentileza não quer enviar o ficheiro pelo Dente Azul?
- Não, tenho aqui na minha caneta de unidade e é-me mais fácil assim.
- O senhor deputado não me está a querer dizer que na sua caneta de unidade consegue provar que diz.
-Queira por favor o senhor deputado lembrar-se que já lhe entreguei um Disco de Vídeo Digital e que o senhor alegou que não consegui abrir o ficheiro. O senhor deputado tem a memória curta.
- Senhor deputado, eu não me esqueço. Eu tenho uma Memória de Acesso Aleatório de mil mega dentadas e um Disco Rígido de 80 mil mega dentadas.
- O Senhor deputado pode ter isso tudo mas é lento, o senhor deputado ainda nem sequer utiliza o Raio Azul.
- Senhor deputado eu já estou quase a ter que Recomeçar o Sistema com os nervos que o senhor me está a provocar. Deixe-se disso e dê-me mas é a sua Pen, para eu verificar…
- Senhor deputado veja o que pede. O Portas a última vez que pediu isso teve um comboio inteiro no forte. Peça a Caneta Unidade…
- O senhor veja lá se processa esta informação de forma adequada. O senhor não quer que eu lhe envie uma Minhoca e lhe rebente com o disco.
- Nunca o conseguiria fazer, senhor deputado. Eu tenho uma Parede de Fogo. E uso sempre as Janelas Defendidas.
- Senhor deputado, contenha-se. Tenho a mão no rato e se me irrita abro o Ponto do Poder e mostro aqueles seus Juntadores de Imagens para Grupos de Peritos, onde aparece com a Karina, a responsável do Manuseamento Tecnológico da Rede Interna.
- O senhor não me ameace, como sabe tenho aqui um disquete com alguns ficheiros seus…
- Olhe meta os ficheiros na sua Porta Universal Serial de Transmissão de Dados
- Senhor deputado se me provoca faço-lhe um Bota Abaixo do sistema.
A discussão continuava. Mas na TVI a Floribela chamava-me, e para ver coisas ruins, mal por mal prefiro ver uma que não foi eleita democraticamente.