segunda-feira, dezembro 04, 2006

Assembleia da República sem papel!

Não se assustem com este título sensacionalista, cujo objectivo é apenas captar a vossa atenção (coisa que conseguiu). Eu explico. Eu vejo o canal parlamento. Vejo-o com o espírito de quem vê o Big Brother. Só que aqui, temos 230 espécies enclausuradas em regime provisório e raramente há sexo. O papel higiénico da Assembleia nunca pode acabar, porque a merda lá nunca acaba e o que eu queria dizer, para aqueles que imaginavam os deputados a limpar o rabo com as mãos (como fazem os Indianos), é que acabaram as impressões (apesar de eles permanentemente nos causarem uma má impressão) em papel. Acabou foi o papel dos documentos, o papel impresso. Agora tudo circula por bites e bytes de informação. Os Mb e os Gb circulam onde antes circulava o Couché mate e o Navigator de 80 grs.
Vi com interesse, um ministro entregar aos seus colegas o orçamento de estado dentro de uma pen drive. É o choque tecnológico a entrar na política e as fotografias que apareciam nos jornais, com o ministro a entregar várias pastas com o orçamento, são uma imagem do passado. Agora as imagens são as do ministro a entregar a dita pen drive.
Mas desenganem-se se acham que vida deles ficou mais fácil. A primeira dificuldade surgiu na retórica argumentativa dos deputados que se viu obrigada a adaptar-se a estes novos tempos. Transcrevo aqui, reproduzida fielmente, uma dessas conversas.
- Senhor Deputado, aqui lhe entrego uma Pen onde poderá verificar os documentos que eu refiro como anexos referentes à proposta em discussão.
- Senhores deputados queiram por favor respeitar esta instituição e utilizarem a língua portuguesa.
- O senhor deputado por gentileza não quer enviar o ficheiro pelo Dente Azul?
- Não, tenho aqui na minha caneta de unidade e é-me mais fácil assim.
- O senhor deputado não me está a querer dizer que na sua caneta de unidade consegue provar que diz.
-Queira por favor o senhor deputado lembrar-se que já lhe entreguei um Disco de Vídeo Digital e que o senhor alegou que não consegui abrir o ficheiro. O senhor deputado tem a memória curta.
- Senhor deputado, eu não me esqueço. Eu tenho uma Memória de Acesso Aleatório de mil mega dentadas e um Disco Rígido de 80 mil mega dentadas.
- O Senhor deputado pode ter isso tudo mas é lento, o senhor deputado ainda nem sequer utiliza o Raio Azul.
- Senhor deputado eu já estou quase a ter que Recomeçar o Sistema com os nervos que o senhor me está a provocar. Deixe-se disso e dê-me mas é a sua Pen, para eu verificar…
- Senhor deputado veja o que pede. O Portas a última vez que pediu isso teve um comboio inteiro no forte. Peça a Caneta Unidade…
- O senhor veja lá se processa esta informação de forma adequada. O senhor não quer que eu lhe envie uma Minhoca e lhe rebente com o disco.
- Nunca o conseguiria fazer, senhor deputado. Eu tenho uma Parede de Fogo. E uso sempre as Janelas Defendidas.
- Senhor deputado, contenha-se. Tenho a mão no rato e se me irrita abro o Ponto do Poder e mostro aqueles seus Juntadores de Imagens para Grupos de Peritos, onde aparece com a Karina, a responsável do Manuseamento Tecnológico da Rede Interna.
- O senhor não me ameace, como sabe tenho aqui um disquete com alguns ficheiros seus…
- Olhe meta os ficheiros na sua Porta Universal Serial de Transmissão de Dados
- Senhor deputado se me provoca faço-lhe um Bota Abaixo do sistema.
A discussão continuava. Mas na TVI a Floribela chamava-me, e para ver coisas ruins, mal por mal prefiro ver uma que não foi eleita democraticamente.

4 comentários:

Kinder disse...

Terás tu algures algum botão de Reinício?

Sérgio Mak disse...

Isso de dizer que a Floribela passa na TVI só para dar o indício de que eu não vejo e nem sei em que canal é que dá é truque tão velho como alguns dos fosseis da Assembleia

Mitra disse...

ESte blog deveia chamar-se "È a morte!" tal é o odor a putrefacção que estes posts emanam.

Mitra disse...

Assassína! Aposto que vais votar "sim" no referendo ao aborto!