O progresso faz avançar o país. E também cria novos imbecis. Tudo isto para contar a minha experiência inolvidável ao renovar o meu passaporte.
Para quem não sabe, o novo passaporte português é agora todo electrónico, repleto de seguranças, com dados biométricos, assinaturas, impressões e foto digitalizadas. Do melhor que o progresso pode oferecer. A manobrar a dita máquina tinhamos o oposto, um funcionário da velha guarda que se só se queixava do equipamento, da internet lenta, da máquina que falha e que, graças à sua experiência, ele sim, tem olho para descobrir quem ali está para o enganar.
Os problemas começaram na hora em que tive que tirar a fotografia para o documento. “Não se ria”, “Não pode esconder as orelhas” ao que eu respondi “Não sei se já reparou mas eu sou careca, não tenho cabelo sequer para pentear quanto mais para tapar as orelhas”, ao qual prontamente se desculpou, justificando-se pelo hábito de fazer o mesmo pedido a todas as horas.
Após umas quantas tentativas lá optámos pela fotografia. “Já está boa” disse o funcionário. “Boa? Você já viu isto? Careca, nariz aquilino, pele escura, olhar carrancudo, expressão carregada e sem um sorriso. Isto mais parece uma fotografia tipo passe de um terrorista! Só falta o turbante, a AK-47 ao ombro e mudar o meu nome para Al-Rafzajani”. O homem suspirou e respondeu: “Também não está assim tão mal. Fica assim!”. Ainda vociferei baixinho: “Está visto que quando aterrar em Nova Iorque tenho viagem marcada para Guantanamo”.
Mas quando estava convencido de que a aventura tinha ali terminado eis que oiço a ordem para o passo seguinte: “Agora vamos à assinatura” e logo ali ficou a conhecer a minha total incapacidade em copiar a minha própria assinatura. Na verdade, reconheço que consegui criar uma assinatura que não pode ser copiada, nem sequer pelo seu próprio autor.
O funcionário foi recusando todas as minhas assinaturas, umas atrás das outras. E foi então que encontrei a razão pela qual não consigo copiar a minha própria assinatura: faltam letras no meu nome, letras que não coloquei no momento da renovação do BI e que agora davam-me imenso jeito. É como se o meu nome fosse André Azevedo Freitas da Silva e eu assinasse Ande Azevdo Freita Slva.
É com a reslução dests pequnos problmas que a nosa vida progrde. Temos de vançar e aprnder com os eros pra não ficamos plo camnho. Agor que já consigo fzer uma cópa perfita da mnha asinatura, poso dizr com orguho que ste problma está totalmnte ultrapasado.
2 comentários:
A , A , H, H!
Mas, para ir passar fins de semana à Amadora já é preciso passaporte?
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