A vida é como os interruptores, torneiras, tectos falsos, soalho flutuante ou salmão fumado:
ela acontece apenas uma vez. E como não sabes quanto tempo tens, aproveita este segundo para falares dela.
quinta-feira, maio 31, 2007
Janado
-Então, diga lá o que vai ser.
-Ò amigo, queria uma água fresca!
-Só temos jana. Pode ser?
-Eh pá isso não, arranje-me uma água em condições.
-Pois, mas aqui o estabelecimento só tem jana.
-Bom, nesse caso, acho que vou para a imperial.
-E deseja uma Green, Pêssego, Stout, Sagres Preta, LimaLight, Chop, Bohémia, Abadia ou Zero?
-Ehh.......Olhe, deixe estar. Antes de fazer a continha traga-me só um café curto em chávena escaldada e adoçante.
terça-feira, maio 29, 2007
E o céu, encheu-se de chumbo.
Entre as meninas que fazem os seu serviços e enchem o ar de suspiros de amor e o chão de guardanapinhos de papel, os homens estranhos que se escondem atrás das árvores enquanto manipulam os seus órgãos geniais e outros fenómenos estranhos, em Monsanto podemos contactar com todo o seu esplendor, a mãe natureza. E isto a escassos 10 minutos da zona nobre no centro de Lisboa (onde eu vivo).
Esquilos (que eu nunca vi), perdizes (que dizem haver) coelhos (que fugiram das gaiolas dos guardas) enchem o nosso imaginário. Cheios do betão da cidade, em Monsanto, podemos rejubilar-nos com a expectativa de encontrar um destes animais selvagens, quase mitológicos.
Mas o que se pode mesmo ver são as famílias (algumas até, monoparentais) alegres e divertidas, e os desportistas usufruindo desta bela mancha verde.
Vou para Monsanto quando quero encher os pulmões de ar e dar uma singela volta de bicicleta.
Mas no pior pano cai a nódoa e a mancha verde de Monsanto está também ela ferida e sangra. No meio da paz, entrecortada por um ou outro carro que passa ao longe, há um cenário que é assustador.
Ali, ao lado do aqueduto, cercada por uma alta cerca de arame, podemos encontrar um cenário quase guerra. Tiros de espingarda enchem o ar: pum, pumpum, prás, pum. Sinto pânico. Quando o que se devia ouvir era o chilrear dos passarinhos e o gemer das passarinhas e do céu deveriam vir as pinhas soltando a sua carga de sementes, caem chumbos. Chumbos de diversos calibres. A tranquilidade do parque é cortada de forma abrupta e disruptiva, por um cenário que me faz lembrar as minhas experiências em Angola. Começo a suar e não consigo evitar: atiro-me para debaixo da bicicleta, e tremo enquanto o chumbo cai do céu e faz um barulho nas folhas semelhante ao barulho de chumbos a cair nas folhas. Recomponho-me, disfarço a mancha de urina que ficou nas minhas calças esfregando-as com terra e lembro-me: é o Clube de Tiro de Monsanto!
Monsanto não merece uma coisa assim. As putas, os bandidos, os drogados, os sem-abrigo e maricas ainda vá. Mas tiros e chumbaria?
O Lobbie do Clube de Tiro de Monsanto não quer sair, ignorando egoisticamente que no meio da natureza não há lugar pratos voadores e tiros.
Vão a http://www.petitiononline.com/cptirmon/petition.html e ajudem a correr com aquela gente de Monsanto, para que em vez das salvas de tiros se possa só ouvir o roncar dos aviões, os motores dos carros e o latir dos pit bull que a malta da Serafina por ali treina.
quarta-feira, maio 23, 2007
segunda-feira, maio 21, 2007
Estoril Open
Muito tempo depois, aqui estou para retomar um assunto sobre o qual muito se escreveu neste blog a atrasado. E faço-o porque a coisa não me sai da cabeça.
E se no ano passado, mesmo na final, a regra é que os jogos estavam às moscas, este ano havia pouco espaço para estes insectos.
Este ano, na final, o cenário estava bastante composto. Mas mesmo assim, a casa não estava cheia. Compreende-se porquê. Para um povo habituado à tourada e ao futebol, o ténis deve parecer enfadonho.
Proponho pois, como forma de melhorar o espectáculo, que se introduzam algumas alterações fulcrais, com vista a dinamizar a actividade em Portugal:
- Claques de apoio que gritavam o nome dos jogadores para os incentivar e insultavam o adversário nos momentos de maior tensão. Imaginem "Federer é filho da puta, olé filho da puta, olé!"
- Sempre que houvesse uma foto dos jogadores a levantar a taça, seria convidado o emplastro para aparecer em segundo plano.
- Os Jogadores não poderiam fazer nunca discursos com sentido, e muito menos com piada, ao vencerem o torneio. O Novak Djokovic, que este ano ganhou, teve imensa piada. Não pode ser. Ele deveria ter dito algo como: "Bom, portanto, estavamos em forma e com segurança, demos, portanto a demonstração equívoca do esforço, portanto é natural.". Outra questão a salientar é que nestes discursos os jogadores deveriam utilizar a 3ª pessoa ao se referirem a si próprios.
- Os treinadores nas bancadas deveriam esbracejar e gritar para os jogadores
- Os fiscais de linha deveriam ter bandeirinhas coloridas
- Os Jogadores deveriam, sempre que se aproximam ambos da rede, entrar dar um soco ou cotovelada no adversário, assim tipo à socapa.
Focando agora um aspecto fulcral - os relatos. Um relato de ténis não tem a emoção de um de futebol. O relato é conduzido com questões muito técinas e aborrecidas : "o jogador fez mais um winner e reparem como ele usa o slash puxado com top spin para tentar provocar o contra-pé no adversário". Amigos, isso é uma merda e isso não se percebe e não há emoção. Imaginem que a final do Estoril Open tinha sido relatada assim: "E Novak Djokovic prepara-se para dar forte na bola e levanta o braço atira a bola e pás a
Os forcados do Grupo Amador de Santarém, convidados a pegar uns toiros entre os jogos, saltam para o Campo e pegam de caras Isaltino Morais que vinha entregar a taça. Nas bancadas o Rancho folclórico convidado para dançar o corridinho na altura da entrega da taça começa a sua apresentação, já que tendo vindo de tão longe não se vão embora sem mostrarem o que sabem fazer. E começa o adufe seguido do cavaquinho "as meninas a correr, as bolinhas a saltar e vira"
Tenho muitas mais sugestões para dar a quem organiza estas coisas. Basta ver a animação que há nas bancadas dos jogos nos Estados Unidos (estava a ver que não conseguia dizer aqui mal deles) com a música tipo NBA, cheer leaders e os gordos a gritar, para se ver qual o caminho que o ténis deve tomar. Desporto elitista e votado ao abandono, ou populista e querido do povo??