segunda-feira, maio 21, 2007

Estoril Open

Muito tempo depois, aqui estou para retomar um assunto sobre o qual muito se escreveu neste blog a atrasado. E faço-o porque a coisa não me sai da cabeça.
E se no ano passado, mesmo na final, a regra é que os jogos estavam às moscas, este ano havia pouco espaço para estes insectos.
Este ano, na final, o cenário estava bastante composto. Mas mesmo assim, a casa não estava cheia. Compreende-se porquê. Para um povo habituado à tourada e ao futebol, o ténis deve parecer enfadonho.
Proponho pois, como forma de melhorar o espectáculo, que se introduzam algumas alterações fulcrais, com vista a dinamizar a actividade em Portugal:
- Claques de apoio que gritavam o nome dos jogadores para os incentivar e insultavam o adversário nos momentos de maior tensão. Imaginem "Federer é filho da puta, olé filho da puta, olé!"
- Sempre que houvesse uma foto dos jogadores a levantar a taça, seria convidado o emplastro para aparecer em segundo plano.
- Os Jogadores não poderiam fazer nunca discursos com sentido, e muito menos com piada, ao vencerem o torneio. O Novak Djokovic, que este ano ganhou, teve imensa piada. Não pode ser. Ele deveria ter dito algo como: "Bom, portanto, estavamos em forma e com segurança, demos, portanto a demonstração equívoca do esforço, portanto é natural.". Outra questão a salientar é que nestes discursos os jogadores deveriam utilizar a 3ª pessoa ao se referirem a si próprios.
- Os treinadores nas bancadas deveriam esbracejar e gritar para os jogadores
- Os fiscais de linha deveriam ter bandeirinhas coloridas
- Os Jogadores deveriam, sempre que se aproximam ambos da rede, entrar dar um soco ou cotovelada no adversário, assim tipo à socapa.
Focando agora um aspecto fulcral - os relatos. Um relato de ténis não tem a emoção de um de futebol. O relato é conduzido com questões muito técinas e aborrecidas : "o jogador fez mais um winner e reparem como ele usa o slash puxado com top spin para tentar provocar o contra-pé no adversário". Amigos, isso é uma merda e isso não se percebe e não há emoção. Imaginem que a final do Estoril Open tinha sido relatada assim: "E Novak Djokovic prepara-se para dar forte na bola e levanta o braço atira a bola e pás a 198 KM/h. Richard Gasquet do outro lado mexe-se e prepara-se para apanhar a bola e dá-lhe com força e Novak recebe-a e devolve-a e Gasquet consegue novamente apanhar a bola e Meus Deus que emoção, mesmo na linha mas Novak consegue novamente sair desta situação de apuros e devolve a bola mas Gasquet parece que não chega lá e não chega mesmo...não chega lá e a bola bate no chão e parece que é ponto. É mesmo é ponto, é pontoooooooooooooooooooo, é ponto, é ponto, é ponto e rapa na ricaqueca , que disputa. Já Novak não perde tempo e prepara-se novamente para servir e atira a bola e remata e a bola vai louca a quase 200 km/h, será que Gasquet a apanha e apanhou e devolve-a e Novak também a a apanha e devolve-a e Gasquet bate-lhe com força, e Novak corre mas apanha-a, este Novak é um jogador excepcional, mas Gasquet devolve sobre a direita e Novak bate novamente tentando um balão, mas eis que Gasquet bate com força na bola de cima para baixo, Novak em dificuldade parece que não vai conseguir e não consegue, NÃO CONSEGUE e a bola bate e é PONTO, é PONTO para Gasquet. Vejam como há equilíbrio entre estes dois monstros do ténis mundial. Meus senhores, que jogo. Mas Novak serve novamente e remata e Gasquet tentando defender cai para o chão e está agarrado ao tornozelo. Parece que sofre muitas dores. Há uma máscara de dor estampada no seu rosto. O público grita "levanta-te maricas, olé, levanta-te olá". Entra a maca e Novak vai ver o que se passa com o jogador caído. Gasquet diz-lhe qualquer coisa e Novak pontapeia-o. Meu Deus isto é feio, o público está irado e eis que saltam da bancada os NO Novak BOYS e preparam-se para pontapear Gasquet. Felizmente, a Polícia de Choque que estava à volta do campo consegue impedir o pior. É um mau momento para o ténis nacional. João Lagos no topo da bancada grita "Meus senhores, portanto, acalmai-vos" e o árbitro apita e puxa do cartão amarelo. As coisa parecem acalmar mas eis que salta da bancada um jovem que corre nu pelo campo com o nome de Gasquet escrito no rabo e com a Frase "Só aqui é que entravam as tuas bolas". Gasquet já recomposto corre atrás do jovem e dá-lhe com a sua raquete Head (em metal liquefeito à venda nas melhores lojas de desporto) que aguenta a pancada mas destrói a cabeça do jovem. No público várias jovens levantam as camisolas e mostram os peitos enquanto uma águia desce dos céus e ataca violentamente o jogador que ainda se encontra por terra. Novamente a confusão enquanto os vendedores de couratos entram nas bancadas aproveitando a interrupção e apregoando " Olha o courato em carcaça, um sabor que é uma graça". O Jogo é interrompido e o público é afastado por mangueiras de água.
Os forcados do Grupo Amador de Santarém, convidados a pegar uns toiros entre os jogos, saltam para o Campo e pegam de caras Isaltino Morais que vinha entregar a taça. Nas bancadas o Rancho folclórico convidado para dançar o corridinho na altura da entrega da taça começa a sua apresentação, já que tendo vindo de tão longe não se vão embora sem mostrarem o que sabem fazer. E começa o adufe seguido do cavaquinho "as meninas a correr, as bolinhas a saltar e vira"

Tenho muitas mais sugestões para dar a quem organiza estas coisas. Basta ver a animação que há nas bancadas dos jogos nos Estados Unidos (estava a ver que não conseguia dizer aqui mal deles) com a música tipo NBA, cheer leaders e os gordos a gritar, para se ver qual o caminho que o ténis deve tomar. Desporto elitista e votado ao abandono, ou populista e querido do povo??

3 comentários:

Carla Ferreira de Castro disse...

Eu vivo atormentada com uma única imagem mental do Open, ano, após ano: O João de Deus Pinheiro de casaco azul e calças encarnadas e depois perco a consciência e não me lembro de mais nada!

Catarina Matos disse...

Quando cheguei lá o Estoril já estava closed.

(pronto, eu confesso. Não consegui ler o post todo.)

Anónimo disse...

Falta os árbitros de ténis envolvidos em altos esquemas de corrupção e o João Lagos metido com uma ex-mulher da vida que agora escreve livros...humm...é difícil de imaginar...