Não há fome que não dê em fartura, lá diz o povo. E também diz que um homem se conquista pelo estômago. E continua a ser muito bem dito sim senhor. Parece nuclear que somos um país que gosta muito de comer. E um país de não fazer nada. Na verdade, somos um país que não gosta de fazer nada depois de comer. Ora aí estão duas tarefas que estão intimamente ligadas e que justificam a nossa baixa produtividade ao longo dos séculos. Não nos podemos esquecer que, historicamente, os portugueses só se começaram a mexer quando se decidiram em ir à procura de pimenta, canela e outras especiarias. Ou seja, tudo o que pudesse condimentar as nossas refeições. Não consigo deixar de pensar nas razões que levaram os nossos antepassados da Idade Média a seguir tal façanha:
-El-Rei de Portugal, aceita mais couve portuguesa para acompanhar o pão?
-Ó Jarbas, outra vez? E só leva sal, homem? Nem uma ervinha, uma pimentinha, nada?
-Perdoe-me, pela graça do Senhor, mas acabou-se.
-Raios, então vá buscar homem.
Ou seja, se gostamos de enfardar tudo o que nos metem no prato, então porque não seguimos a mesma ideia do Reino Unido?
Esta semana, o Ministério britânico da Educação decidiu introduzir a Culinária como disciplina obrigatória. Ora aí está algo que deveríamos copiar para o nosso sistema de ensino. Por um lado - e porque duvido que algum aluno português possa chumbar numa cadeira que realmente pratica desde a nascença - esta disciplina contribuiria certamente para a subida da nota final no ano lectivo. Por outro, esta seria mais uma disciplina fundamental para incentivar o recurso ao trabalho manual, já tão neglenciado pela nossa sociedade, como Têxteis, Electro-mecânica ou Educação Sexual.
No Reino Unido, o objectivo destas aulas é combater o perigoso crescimento da obesidade na população. “Ensinar as crianças a cozinhar pratos saudáveis é um importante meio para as escolas ajudarem a criar adultos saudáveis”, declarou o ministro da Educação britânico.
No entanto, o objectivo da culinária como disciplina obrigatória é fazer com que os alunos consigam preparar pratos simples e saudáveis preparados com ingredientes frescos e preferencialmente do seu país. Ora aí está mais uma bela ideia. Em Portugal, acho que pratos de bacalhau, rissóis, caracóis, sandes de torresmo, coratos e pézinhos de coentrada deviam fazer parte obrigatória da matéria. Mas claro, tudo sob supervisão da ASAE.
Mas há ainda outro grande benefício em ter aulas de Culinária. Vejamos este exemplo em que o pai chega a casa, depois de um dia cansativo na repartição:
Pai: Queridos, cheguei a casa! (virando-se para a mulher que se encontra a ver a novela das 18h). Então, isso é que é vidinha, hein!
Mãe: Shiuuu, que eu estou a ver o que acontece ao Valdison.
Pai: E, onde é que estão os garotos?
Mãe: Devem estar na cozinha….
Pai: Na cozinha? Outra vez?
Mãe: Não os chateies que eles estão a fazer os trabalhos de casa.
Pai: Oba, vou ver se eles precisam de uma mãozinha. (Dirige-se em passo acelerado até à cozinha). Filhos….mmmmmm….cheira tão bem.
Filho: Olá, pai. Podias passar-me aí o alecrim?
Pai: Claro, mas o que estás a fazer?
Filho: Estou a fazer Pernil no Forno com molho de Alecrim e batatas de Noz Moscada.
Pai: Parece-me delicioso. Onde é que está a tua irmã?
Filho: Está lá fora a matar um coelho para os trabalhos de casa dela.
Pai: Mmmmmm, muito bem meu filho. (E em jeito de aviso ameaçador) E ai de vocês que deixem de estudar. No dia seguinte estão na rua.
2 comentários:
Olhe...a isso não se chama TRABALHO INFANTIL? E o mesmo não ė punido por Lei? Então????
Olha que se cá em Portugal não seriam aulas muito saudáveis, pago para ver como será em Inglaterra:
- ó amigo student, can u pass me the corned beef?
- ai sim, para quê?
- quero cozinhar corned beef com chips, regado com kidney pie, pickles, blood pudding e mashed potatoes.
- Uhmmm, souds delicioso!
(vómito)
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