Quem não passeou já pelo belo parque de Monsanto? Talvez vocês, mas eu já.
Entre as meninas que fazem os seu serviços e enchem o ar de suspiros de amor e o chão de guardanapinhos de papel, os homens estranhos que se escondem atrás das árvores enquanto manipulam os seus órgãos geniais e outros fenómenos estranhos, em Monsanto podemos contactar com todo o seu esplendor, a mãe natureza. E isto a escassos 10 minutos da zona nobre no centro de Lisboa (onde eu vivo).
Esquilos (que eu nunca vi), perdizes (que dizem haver) coelhos (que fugiram das gaiolas dos guardas) enchem o nosso imaginário. Cheios do betão da cidade, em Monsanto, podemos rejubilar-nos com a expectativa de encontrar um destes animais selvagens, quase mitológicos.
Mas o que se pode mesmo ver são as famílias (algumas até, monoparentais) alegres e divertidas, e os desportistas usufruindo desta bela mancha verde.
Vou para Monsanto quando quero encher os pulmões de ar e dar uma singela volta de bicicleta.
Mas no pior pano cai a nódoa e a mancha verde de Monsanto está também ela ferida e sangra. No meio da paz, entrecortada por um ou outro carro que passa ao longe, há um cenário que é assustador.
Ali, ao lado do aqueduto, cercada por uma alta cerca de arame, podemos encontrar um cenário quase guerra. Tiros de espingarda enchem o ar: pum, pumpum, prás, pum. Sinto pânico. Quando o que se devia ouvir era o chilrear dos passarinhos e o gemer das passarinhas e do céu deveriam vir as pinhas soltando a sua carga de sementes, caem chumbos. Chumbos de diversos calibres. A tranquilidade do parque é cortada de forma abrupta e disruptiva, por um cenário que me faz lembrar as minhas experiências em Angola. Começo a suar e não consigo evitar: atiro-me para debaixo da bicicleta, e tremo enquanto o chumbo cai do céu e faz um barulho nas folhas semelhante ao barulho de chumbos a cair nas folhas. Recomponho-me, disfarço a mancha de urina que ficou nas minhas calças esfregando-as com terra e lembro-me: é o Clube de Tiro de Monsanto!
Monsanto não merece uma coisa assim. As putas, os bandidos, os drogados, os sem-abrigo e maricas ainda vá. Mas tiros e chumbaria?
O Lobbie do Clube de Tiro de Monsanto não quer sair, ignorando egoisticamente que no meio da natureza não há lugar pratos voadores e tiros.
Vão a http://www.petitiononline.com/cptirmon/petition.html e ajudem a correr com aquela gente de Monsanto, para que em vez das salvas de tiros se possa só ouvir o roncar dos aviões, os motores dos carros e o latir dos pit bull que a malta da Serafina por ali treina.
6 comentários:
Era enfiar-lhes com um balázio no clube!
É impressão minha ou já escreveste sobre Monsanto - a minha segunda casa - mais do que uma vez neste blog?
tua casa, mas só porque eu ta tenho arrendada, gosto sempre da Cruz de Pau para o verão
Valter, agora que já saiste da pildra não vale a pena estares com mais desculpas para não pagares a renda.
A parte dos órgãos geniais é que foi genital...
De facto por um estranho mistério, já tinha escrito este post que agora, surge da blogosfera vindo do nada.
Ainda bem que há gente atenta como omitra.
No entanto o assunto é pertinente, uma vez que o campo de tiro continua lá.
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