quarta-feira, março 07, 2007

Clube Bimbalhony - Parte 2

E assim juntei-me ao clube dos viciados na Bimby. Para trás ficaram longos anos a comer hamburguers sabe-se lá cozinhados por quem, a deglutir pizzas amassadas por unhas infestadas de bolores. Tornei-me um homem novo e com menos 1000 euros no bolso.
Mas eis a minha Bimby. Orgulhosamente Bimby. A companheira de cela mais desejada por todos aqueles que, tal como eu, não sabem picar, cortar, partir, descascar ou mesmo amassar. Mas ela vai ainda mais longe e não receia elogios: ela rala, moe, tritura, pesa, emulsiona, cozinha a vapor e lava-se sozinha! Meu Deus, onde é que andavas tu quando eu me perdia num buraco qualquer, a alimentar o vício, a deglutir a primeira pizza que me batia à porta?
Maravilhado pelo aparecimento da “Playstation 3” das donas de casa, lancei mãos à obra e fiz o meu primeiro Bacalhau com Natas da Bimby. E estava inacreditável, majestoso. Cada garfada era festejada com uma lágrima vertida tais eram os sabores que envolviam o meu palato. Motivado por tal manjar, fiz Bacalhau com Natas durante semanas até àquele factídico dia em que jantei em casa de uma amiga minha:

-Uau. Fizeste Bacalhau com Natas!
-Porquê? Não gostas? – Perguntou-me ela ainda com a travessa em suspenso antes de a poisar na mesa. – Ainda vou a tempo de fazer uns ovos mexidos....será que a Bimby faz ovos mexidos?
-O quê? Tens uma Bimby?
-Sim.
-Eu também!
-E fiz este Bacalhau com Natas na Bimby. Segui a receita do livro e voilá.
-Ah...Deixa-me provar.
-Então?
-Está....está.....está igualzinho ao meu!


Pois. Descobri naquela garfada maldita o conceito que a Bimby trouxe ao mundo: a ideia de Globalização da Comida Caseira. Uma arma do imperialismo alemão que funciona como um rolo compressor que tenta fazer terraplanagem aos valores culinários específicos de cada país. A Bimby não é mais que a encarnação do conceito do Mcdonalds nas nossas cozinhas: de que a comida pode saber exactamente ao mesmo nos quatros cantos do mundo.
Não era somente a minha amiga que podia igualar a minha receita. Um tipo qualquer no Paquistão, mesmo que não queira, pode fazer um Empadão de Atum em todo igual àquele que eu faria.
Isto significa que acabaram-se aqueles números de levar comida feita para casa dos amigos ou amigas nas festas, caso eles já tenham uma Bimby. Ninguém vai querer comer uma refeição igual àquela que já se come em casa. Que sentido teria levar um frango no churrasco para dentro de um restaurante que se chama “O Rei dos Frangos no Churrasco”?
Olhando agora para trás, pergunto-me se tomei a decisão mais correcta ao ter abandonado a comida de plástico. Tinha deixado a “Era Fast Food” mas estava a entrar na “Idade da Same Food”.

Mas fui convencido a dar mais uma hipótese à Bimby e convidaram-me para uma reunião do Clube Bimbalhony. Vai ocorrer esta semana e prometo fazer um relato exaustivo. Já me disseram que é do género reuniões Tupperware mas as gajas não têm tanto bigode.

4 comentários:

Anónimo disse...

A Bimby é o IKEA da comida...

Carla Ferreira de Castro disse...

Por favor NÃO VÁS!!! Nem em ficção! A minha bimby faz moussakas, lasanhas de atum, e tudo o que não vem nos livros. A minha bimby é melhor do que a tua, pois comprei-a no Cash Converters da praça do Chile por 327 Euros! Toma lá que já almoçaste! (3 minutos, velocidade 1, colher inversa!)

Anónimo disse...

"e não receia elogias:" atenção kinder...os erros são o campeonato do reinu!

Kinder disse...

Tem toda a razão, senhora Edite. Corrigi rapidamente esse erro e reparei em mais 3 gralhas que também já levaram com o devido acerto. Saiba também que o meu estilo de escrita é mesmo assim: directo, atabalhoado e muito gralhento (palavra que nem consta no dicionário por isso nem vale a pena queixar-se).