segunda-feira, novembro 19, 2007

Crime, disse Kinder - Parte 2

Aqui há atrasado, estava eu em convalescença de uma operação às duas tíbias que me possibilitaram acrescentar 10 cm de altura, fui brindado com um conjunto de DVD da série CSI para suportar melhor a longa recuperação. "É só para matar o tempo", disse um dos meus amigos. Bela escolha de palavras, diriam os mais atentos ao tema da conversa.
Durante todo o fim-de-semana processei os 16 episódios com toda a limpeza. Mães que matam filhas, velhas que vendem drogas, muitos frames de ADN, análises ultra-sónicas de resposta imediata, impressões digitais, locais de crime, líquidos que detetam a presença de sangue, cotonetes em barda e autópsias qb.
Os episódios começaram a perder o interesse à medida que eu ía adivinhando quem era o criminoso. Ficava apenas para o final o móbil da história. Era fácil notar que a maioria dos episódios desta série têm uma estrutura fixa e que esta permite descobrir logo ao 10 minutos quem foi o estupor que deu origem ao enredo.
É muito simples e conta-se de forma muito rápida: o culpado é sempre o personagem que aparece durante 5 segundos, quase sempre de relance e com uma acção mínima que em nada acrescenta à história que estamos a ver nesse instante.
Vamos a um exemplo: há um crime numa casa. O proprietário, ex-marido da mulher assassinada é o principal suspeito. Ele está no local do crime a contar a sua versão dos factos aos investigadores. Não tem alibi, tem um motivo e torna-se o nosso principal suspeito. Mas em segundo plano vemos um jardineiro a varrer umas folhas, que ao passar pelo nosso suspeito diz só: "Acabei de varrer as folhas tal como me pediu. Posso ir para casa?" Pumba, ali está ele, o sacana. É ele o assassino. Não sabemos porquê, nem o motivo. Mas como ele só apareceu 5 a 10 segundos e teve direito a linha de texto para decorar, é o nosso nosso criminoso. É limpinho.
Façam este exercício e vejam se eu tenho ou não razão. Vão ver que sim. Aposto a minha tíbia esquerda.

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu não aposto nada, não porque não queira mas porque não consigo...nunca vi um único episódio desta série porque adormeço invariavelmente...

Catarina Matos disse...

É esse o mal das séries de hoje em dia. Agarram as pessoas pelo vício. Passados 7 episódios, instala-se uma agradável sensação de previsibilidade.

É como quando as crianças pedem para contar sempre a história outra vez.

Freud explica.

Sérgio Mak disse...

Farei chá de tíbia com o teu pressuposto.

O problema do CSI é q se tornou refém da sua própria fórmula. O que era giro ao início é agora o espancar do ceguinho que já nem se mexe estendido no chão. É como gostar muito de um prato de um restaurante até se começar a perceber q é o único prato de jeito que lá se faz.

Não há lugar à surpresa, nem a grandes desvios da receita mestra. Aliás, o problema das séries em geral é o de que mais difícil do que arranjar um conceito inovador é criar um fio condutor que fuja da repetição incessante do mesmo truque...

Carla Ferreira de Castro disse...

Continuo a preferir a Alberta do Jornal Dois e as suas entrevistas. Agora, quando não posso ver até deixo a gravar. Num universo da informação tão controlado pelo teletexto e os alinhamentos exactos é agradável ver tudo correr mal...

Reinu disse...

Cuga é incrível mas ontem assisti ao jornal da Dois e lá estava ela: a Alberta. É fantástico como uma pivot de um telejornal sério e credível e sem abuso da bola, tem uma mulher que já nem gira é. Presente-se por baixo da mesa, as nádegas a resvalarem para fora da cadeira. E não bastando esta obesidade que se advinha, tem o grande defeito da verborreia.
Consegui falar mais que a entrevistada. Precisamente mas 6m e 33 segundos.
Com diversão desta, não a CSI que me valha.