Nos EUA, essa terra pródiga em bizarrias onde pais processam filhos e os ratos têm mais direitos que as crianças, oferece-nos mais uma recambolesca história. Parece que no estado do Louisiana um homem colocou a Apple em tribunal queixando-se que o Ipod que usava estaria a deixá-lo surdo.
Juiz: Então, conte-me lá o que o traz por cá.
Queixoso:....
Juiz: O senhor está a ouvir-me?
Queixoso: (assobia alegremente para o lado)
Juiz: (acena) Pshhttt...ó amigo...olhe aqui para mim....
Queixoso: An?...Diga? Estava a falar comigo sr dr juiz?
Juiz: O senhor ouviu a pergunta?
Queixoso: Ouvi só esta.
Juiz: Qual?
Queixoso: Julgo que ouvi outra agora mesmo, sr doutor juiz (e esfregando a orelha com o dedo mindinho)...porra, não estou a ouvir nada.
Juiz: Eu queria saber o que o traz por cá.
Queixoso: Isso eu não sei. Agora eu vim cá por causa do Ipod que me anda a deixar surdo que nem uma porta blindada.
Juiz: Mas foi isso que eu lhe perguntei, homem.
Queixoso: Julgo que isso vem aí no meu processo. Sou mesmo do sexo masculino mas não percebo o que é que isso tem a ver com o processo em causa, sr dr juiz.
Juiz: (sopra) Oiça, quais são as bases da queixa?
Queixoso: Se eu já vi as “Memórias de uma Geisha”? Realmente não percebo ...
Juiz: (sopra) Oiça lá, vejo aqui no processo que está a processar a Apple porque comercializa um aparelho que pode provocar surdez definitiva. Confirma?
Queixoso: (encolhe os ombros em silêncio)....
Juiz: Então?
Queixoso: Latão? Sr Dr juiz, lá na minha terra, no Lousiana, sempre me disseram que o latão é mais amarelo que a lata.
Juiz: (a espumar) Está decidido. A Apple terá de indeminizar aqui o sujeito.
Advogado do Queixoso: O meu cliente pede uma indeminização de 3 milhões de dólares, sr dr juiz.
Advogado da Apple: Por amor de Deus, meretíssimo. Isto é um ultraje. A companhia que represento só pode pagar metade desse valor, ou seja 200 dólares.
Advogado do Queixoso: Isso é que era bom! Então 2 milhões e meio.
Advogado da Apple: 2 milhões.
Advogado do Queixoso: 2 e trezentos e não se fala mais nisso.
Advogado da Apple: 2 milhões, cento e setenta.
Advogado do Queixoso: 2 milhões, trezentos e oitenta e quatro e cem gramas de tremoço.
Advogado da Apple: 2 milhões e...
Juiz: E pá, decidam-se. Já nem os posso ouvir.
Advogado do Queixoso: O meu cliente, depois de escutar a proposta da Apple, decide aceitar os dois milhões.
Advogado da Apple: Podemos pagar em downloads de música da Apple Music Store?
Advogado do Queixoso: O meu cliente diz que se já lá tiverem o último dos Black Eye Peas, fecha já aqui o negócio.
Advogado da Apple: Ó meu amigo, em Remix e tudo.
Advogado do Queixoso: Oba, negócio fechadão.
Juiz: Declaro a audiência encerrada (três marteladas valentes)
Queixoso: Ai, tanto barulho, que chatice! Ainda fico surdo.
A Apple já vendeu mais de 42 de milhões de Ipods em todo o mundo. E segundo os argumentos apresentados pelo queixoso em tribunal, bastam 28 segundos de música com o volume no máximo para se ficar surdo. Cá, bastam 3 segundos de Romana, 4 de Pedro Abrunhosa, 5 de João Pedro Pais e alguns segundos dos melhores agudos de Teresa Salgueiro para uma pessoa perder qualquer capacidade auditiva. Mesmo que seja baixinho.
A Apple defende-se porque diz que sim, é bem provável que alguém fique surdo se ouvir música no máximo mas que não é ela quem anda a mexer no volume do aparelho, que cada um é como é, e que tanto se lhe dá, que é a vida. Mas em França foi obrigada a fazer uma actualização de software em todos os Ipods limitando o som aos 100 décibeis, o que não acontece nos EUA. Ou seja, é do outro lado do Atlântico que aquilo canta mais alto. É, ouviu bem.
1 comentário:
O que ninguém fala é que há um país de bizarrias que é o holly grall para onde muitos desejam ir.
Será que também eles são bizarros?
Nesse mmesmo país um assaltante entrou numa casa e ficou lá trancado 3 dias até ser finalmente descoberto. Os donos da casa foram postos em tribunal porque o ladrão ficou psicologicamente afectado e passou fome. E sabem que mais? ganhou. E nas maquinas de defesa pessoal, daquelas que dão choques, vem uma advertência para não deixar cair os bandidos ao chão porque se podem magoar.
Ah, pois é, disto ninguém fala!...
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