Estamos em crise, dizem. Mas não parece a ver pelo que aconteceu no Natal. Demonstrando uma estupidez sem limites os portugueses responderam à crise, consumindo mais e mais.
Ou, podem vocês dizer, que numa corajosa resposta à crise, tentando dinamizar a economia, responderam consumindo como nunca (sim, foram gastos mais 11 milhões por dia do que em igual período do ano passado, o que se gastou dava para fazer o novo aeroporto e blá, blá, blá).
Eu não alinho nestas merdas. Nada disso. Eu resolvi apertar o cinto: resolvi reduzir nas prendas e ter mais dinheiro para gastar com quem mais gosto: eu mesmo. Ou seja, menos quantidade e mais qualidade (comprei um GPS – já me sentia estúpido sem um – teve que ser. Todos os portugueses têm um, para irem do ponto A ao B sem se perderem, mesmo se já sabiam ir do A ao B de olhos fechados).
Agora que o Natal passou, e o velhinho das barbas voltou para a Lapónia e começou a preparar 2007 e a fazer o stock de Coca-Cola, são horas de fazer as contas.
Peguei na minha lista do ano passado e começei a comparar com a deste ano.
Logo à cabeça venho eu. Já vinha o ano passado e como é lógico, este ano aumentei o valor da minha prenda (menos quantidade, mais qualidade, lembram-se).
Os filhos – a esses tive que dar e como estão mais velhos, aumentei também o plafond dos presentes. Mas foi só com eles.
A namorada – claro que dei. E coitadinha, como há inflação, inflacionei também o valor da prenda dela. Mas foi só a dela e as dos meus filhos.
Aqueles dois amigos especiais – porra, esses dão-me sempre qualquer coisa, não dá para não comprar. Ainda tenho que ir ao Colombo às sobras do Natal comprar-lhes qualquer coisa. Vou acrescentar à lista.
A subalterna do trabalho – teve que ser. Ela dá-me tantas alegrias.
O irmão e as 4 irmãs - Este ano não lhes dei nada. Em vez disso, dei aos sobrinhos. Deixa cá ver: 4+2+1+4+1. Foram então 12 sobrinhos, contra 5 irmãos. Acho que aqui fiz mau negócio.
Os sogros – teve que ser, mas foi a meias com a namorada. O pior é que ela lhes quis dar um ecrán LCD. Mas foi só praticamente com os sogros, filhos e namorada (e comigo) que gastei mais.
Aquele casal de velhinhos que tratou de mim em pequeno e que no ano passado não dei nada - dei-lhes só uma lembrança.
Parece que a coisa não correu assim tão bem. Adiante.
Os meus ex-colegas – cortei a eito, nos ex-colegas. Uma razia. Mas não deu para cortar todos. Tive que dar pelo menos aos ex-colegas com os quais estabeleci uma fortíssima relação de amizade. Quando for ao Colombo, aproveito e compro qualquer coisa – não mais de 5, vá lá, 6 euros por cabeça e só para os 5 que são mesmo, mesmo amigos e para uma que não sendo tão amiga é porreira e é amiga dos amigos.
Os amigos de infância – Estes cortei. Não lhes dei nada. Menos o amigo especial. Foi só um presente para ele para a mulher dele que é uma querida. Mas como dei a este, é chato não dar aos outros. Ok. Mais 3 prendinhas, uma coisa pequena. Compro também no Colombo, ainda vou a tempo. Para todos, não vou gastar mais de 100 euros, vá lá, 120.
Os actuais colegas de trabalho – Foi só uma coisinha da loja do chinês e a empresa é pequena, foram só 8 pesssoas. Por 60 euros fiz a festa e valeu a pena ver a cara deles quando lhes ofereci aquelas merdas.
Os colegas do blog – porra, estes não deu para cortar. São só dois.
A minha madrinha – felizmente morreu este ano, não lhe dei nada, mas dei aos dois flhos dela.
O meu cão – Dei-lhe só um osso e uma bola de borracha.
O cão da vizinha que é amigo do nosso e que dá sempre um presente (os donos do cão, mais concretamente) – só lhe dei uma caixinha de biscoitos e dei uma lembrança aos donos.
A mulher a dias – só uma caixa de bombons. E coitadinha, um brinquedito para a filha e uma camisolinha para o filho.
Os tios – quase que me criaram, teve que ser.
As tias muito, muito velhinhas – também dei, pode ser que seja a última vez.
Tu que estás a ler isto – não te dei nada. Aqui poupei.
Feitas as contas, comprei mais prendas do que o ano passado e gastei mais. Perante esta evidência, sinto que o turbilhão compulsivo do consumo me pegou, me arrastou qual fantoche pelos centros comerciais, onde a única vontade que tinha era a do American Express. Isto tem que acabar. Fui mais um dos Portugueses que estupidamente gastou mais, mais e mais. E isto, apesar de ser pobre em oiro, mas rico, rico em sonhos.
Para o ano é que vai ser. Para começar, apago a data do calendário para ver se a esqueço. E depois vou marcar uma viagem para essa altura, de preferência para um país Muçulmano: se não os podes vencer, foge.
5 comentários:
Reinu:
Estive debruçada sobre o teu post até o monitor ficar roxo e encontrei um método melhor do que fugir para um país muçulmano (as passagens são mto caras)
É melhor trocarmos simplesmente dinheiro entre todos.
Dois exemplos:
1. Jantares de empresa com presentes até 5 Euros:
Trocam-se notas, o dinheiro circula e enaltece-se o aspecto ecológico pois não há embrulhos, nem laços, nem chupas, nem balões, nem etiquetas cheias de cola.
2. Famílias: Os pais dão notas de 50 Euros aos filhos e estes trocam-nas e dão 10 Euros a cada progenitor para ficarem com uns trocos para a passagem de ano -com este método a única que se lixa é a bisavó que já não tem nenhum progenitor vivo e sai prejudicada, mas é uma espécie de sobretaxa de consumo de O2 por estar viva há tantos anos!
Tudo ficou mais fácil, desde que me converti ao ortodoxismo. Sendo o Natal deles mais tarde, assim ficas com uma boa margem de manobra.
Não só sabes o que é que cada pessoa deu, o que deu e no caso de ser uma bela merda, podes faze los pagar pela medida grande.
Pode parecer pouco ortodoxo, mas tem tudo a ver com isso...
cara cuga,
gosto de saber que começas o ano como qualquer mulher honrada o deve fazer: debruçada.
Isso promete.
Quanto ao monitor roxo, tenta ajustar a qualidade da cor do ecran para 32 bits. Pode ser que resolva.
A questão de trocar dinheiro pareceme muito boa. Mas 50 euros para os putos é demasiado. Que raio, julgas que sou rico?
Eu este ano comprei um bolo-rei e dei uma fatia a cada um dos meus amigos com a condição de quem ficasse com a fava teria de me pagar o bolo. Este ano.
toda a gente sabe que n tens amigos ò mitra, por isso dar fatias de bolo rei na paragem do autocarro a desconhecidos n é bem a mesma coisa.
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