terça-feira, janeiro 23, 2007

Reflexões sobre o Aborto


Se calhar, quando leram o título sencasionalista deste post, pensaram que iria falar do kinder. Mas não. Vou falar da Interrupção voluntária da gravidez.

Falar sobre a vida é também falar sobre a morte e falar sobre a morte é falar sobre viver e assim sucessivamente. Por isso “É a vida” não podia deixar de lado uma questão tão importante como o referendo sobre o aborto. Desta feita pretendo abordar questões que têm sido permanentemente vilepaneadas e deixadas para um segundo plano.
Uma delas: O que vai acontecer quando virmos uma gaja feia e dissermos – Aquela gaja é um aborto. - Um aborto era um ser (ou não era, porque há quem defenda que ainda não nasceu e como tal não está vivo) tipo rato, cheio de nhanha, tipo uma coisa mal amanhada, assim meio nojenta. Agora, se se puder abortar até às 10 semanas, um aborto será apenas conjunto de células. Como devem imaginar, o insulto perde a sua força. Vejam: – Aquela gaja é um conjunto de células.
Outra:
Se no tempo dos nossos pais, esta já houvesse esta lei, se calhar eu não estaria aqui e vocês tão pouco. Que perda para a humaniade, que seria.
Mais outra:
Quem não usou o perigo de engravidar para convencer a respectiva a uma experiência de coito anal ou uma chupadelazinha daquelas bem boas? - Querida queria tanto fazer amor contigo, mas não tenho preservativo e tenho medo de te engravidar. Será que davas um jeitinho e lambuzavas o pauzito ou até se não te importas, me davas acesso à serventia por trás? Como é lógico, elas já não vão nisso, porque se engravidarem vão e abortam.
E ainda outra:
Se há pessoas à espera de consultas e respectivos tratamentos durante meses, uma fulana que descubra que está grávida e queira abortar até às 10 semanas, possivelmente quando tiver consulta já lhe nasceu o filho. Será que uma pessoa tem que marcar a consulta antes de pensar em fazer o amor para se a coisa correr mal, já estar prevenido? Logisticamente é complicado - Querido quero fazer o amor contigo mas tenho medo de engravidar. Por isso vou marcar a consulta e umas semanas antes da consulta, fazemos o amor.
Mais uma:
E o que vai acontecer à venda de beliches para famílias numerosas?
E continua:
E a casa do Gaiato e a Casa Pia? Se a lei for aprovada dentro de alguns anos é previsível que fiquem sem freguesia.
Agora várias:
E as nossas pensões? Já há em Portugal poucas crianças e a pirâmide etária está invertida. Vamos contribuir para a descida do número de nascimentos? E se todas as crianças que nascem forem desejadas como é que vão haver miúdos maltratados? e como é que os filhos amados vão saber que são os preferidos dos pais se não há os irmãos indesejados? E o jornal 24 Horas? Como é que vai ficar este jornal, sem as notícias de fetos abandonados nos caixotes e sem haver crianças espancadas?
Para reflectirem:
Apostos que muitos de vós nunca tinham pensado no problema nestas perspectivas tão particulares . Assim quando forem votar, sei que o farão em consciência. Votar num referendo é mais do que um direito, é uma obrigação. O Referendo é a manifestação máxima da democracia. E é um dever também deste blog ajudar-vos a reflectir. Votem bem. Eu, infelizmente, vou estar de férias e não vou votar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Com o dinheiro que se vai gastar no referendo já dava para pagar uma série de abortos clandestinos...tá mal.

Carla Ferreira de Castro disse...

Oh Reinu hoje os comentários não deviam ter a palavra "vida" é tendencioso... que tal 2 células, 3, 4, 5, e quando chegarmos às células das 10 semanas colocas vida? Foi dos melhores posts que li sobre o assunto, graças a ti estou mais esclarecida...

Reinu disse...

Cara Cuga,

Estamos cá para ajudar.

um forte abraço
Reinu