sexta-feira, março 10, 2006

Tive medo, tive medo sim senhor!

Acordei no dia 09/03/2006 cheio de medo. Eu um homem que nada teme. Convêm dizer que estava a sonhar com cenas de inolvidável violência, provocadas pelas memórias que me ficaram dos tempos da guerra colonial. O barulho que ouvia sobre a minha casa era ensurdecedor. Um helicóptero pairava sobre o meu bairro. Sem pensar, acordei sobressaltado e atirei-me para debaixo da cama, respeitando o código de preservação em combate x-alfa-bravo. Dei-me mal: A minha cama é daquelas japonesas e só consegui bater com a cabeça na trave. Suava copiosamente, o que em mim, sendo normal, não o era pelo cheiro a medo que exalava. O meu coração batia descompassado como se me quisesse abandonar após 31 anos a viver no meu peito. Traidor. Tentei pôr em acção o código de preservação x-alfa-zulu e saltei para dentro do roupeiro. Tão pouco correu bem. Era daqueles cheios de gavetas de cima a baixo. Agora tinha a cabeça rebentada e as costelas todas lixadas. E o medo não parava. O Txecá-cá Txecá-cá dos rotores do helicóptero continuavam e as lembranças da guerra nas colónias não paravam de me atormentar. Lembrava-me daquele ataque do meu batalhão “os Lobos da Amadora” àquela cidade em Angola. Cidade...talvez não, mas uma Vila.Ou se calhar uma aldeia, uma aldeia grande. Bom, eram pelo menos 5 kubatas. Ali escondia-se um perigoso resistente. Nós éramos 80. Descemos em rappel dos helicópteros. Cercámos as kubatas e posicionamo-nos. Uma hora depois, após a forte resistência dos 3 soldados inimigos que o protegiam e que estavam fortemente armados até aos dentes com perigosas catanas, conseguimos finalmente capturá-lo. Era um homem forte. Ou pelo menos deveria ter sido na sua juventude, uma vez que agora com os seus 87 anos e com o avançado estado de Alzheimer, já não metia tanto medo. Mas deve ter metido.
Voltei ao presente e tentei controlar-me. O Héli continuava. Mas afastando as imagens que me percorriam de puro horror e sangue, tentei racionalizar as coisas e rastejei até à janela utilizabdo a técnica da cobra. Quando me abeirei da janela, vi por todos os telhados homens de capuz preto fotemente armados. Depois olhei para a rua e vi passar caravanas de carros escoltados por polícias e compreendi. Aquilo era a tomada de Posse do Boca de Favas! O héli, destinava-se a manter um certo aparato para convencer todas as 900 personagens de segunda que vieram assistir à cerimónia, que estavam seguras. Como se alguém se preocupa-se com elas. A Princesa de Espanha e o seu marido estavam lá. Estavam também um primo afastado do presidente de França, um senhor que se tinha cruzado na rua com a chanceler Alemã, o pai de Bush e a avó de um ex presidente deposto. Todos tinham vindo para a tomada de posse do Boca de Favas. O meu medo injustificado, tornou-se em desalento. Uma nova época começava. O meu coração que começava a serenar, acelerou outra vez. Agora estava finalmente no país dos pacóvios, governado pelo pai de todos os pacóvios. Voltei resignado para ao pé da cama e forcei novamente a ida para debaixo do estrado. Desta vez, já mais calmo, consegui. Era seguro e apertado lembrando o sexo feminino das mulheres jovens.
Pretendo sair um dia, talvez daqui a 5 anos para as novas eleições.

3 comentários:

Kinder disse...

(enfermeira aconchega o lençol e passa a mão pela testa suada do paciente):
-Pronto, já passou. Agora está tudo bem. Está tudo bem.

Reinu disse...

Recordo-a por empatia. Não estive lá, mas foi como se estivesse.A Guerra influenciou toda uma geração. Lá morreram conhecidos de conhecidos meus.

Reinu disse...

Meus caros, tá mal. Tá mal dizer mal do senhor e chamar-lhe "boca de algodão"! Afinal o senhor já deu provas e já esteve nos mais altos cargos da nação. Haja respeito! Quanto ao facto de este não ter apertado a mão ao Boca-de-favas, tal como se sabe o senhor Mário Soares é um homem de provecta idade e é incontinente, coitadinho. Na altura dos apertos de mão, apertou-se-lhe também a bexiga e o dito senhor, retirou-se para como diz o povo "mudar a água às azeitonas". Ora ao fazé-lo e devido à quantidade de gente que por aquela altura estava nos paços da Assembleia, deparou-se com o facto de na casa-de-banho não haver papel higiênico. O Senhor Mario Soares, após a sua mijadela, e depois de sacudir a sua honrosa pilinha, achou por bem não apertar a mão ao novo presidente, asssim com a mesma cheia de esmurrinha! Optou pela fuga prá frente e assumir perante a nação a sua escapadela. Mais uma vez, mostrou a sua coragem, não permitindo que o Cavaco começasse o seu mandato com a mão manchada de urina, pois já há lhe basta ir acabá-lo cheio de merda.