A vida é como os interruptores, torneiras, tectos falsos, soalho flutuante ou salmão fumado:
ela acontece apenas uma vez. E como não sabes quanto tempo tens, aproveita este segundo para falares dela.
segunda-feira, março 13, 2006
Adeus Festival!
Era Sábado à noite. Os pais convidavam amigos para a soirée, aperaltava-se a casa e limpava-se o pó, compravam-se aperitivos e preparavam-se bebidas. Nós, os miúdos, ficávamos no chão, atentos, enquanto os adultos nos sofás confortáveis. Estava quase na hora. Depois aparecia o Eládio Clímaco e a Ana Zanatti de olhos pintados. Meu Deus, que dupla imbatível! E lá seguiam as canções, uma atrás da outra, e em nenhuma delas havia a preocupação de agradar na Eurovisão. No final, vinha a pontuação. “Boa noite Portugal, Aveiro em directo. Daqui do Grupo Desportivo da Mariquita damos as boas-noites a todos os telespectadores. Passemos à votação: canção nº5, 5 pontos...” Era maravilhoso. Ninguém desgrudava da emissão. No outro dia passei os olhos pela edição deste ano e, com algum desalento, reparei que tudo era diferente: “ó coração sem alma, lá lá lá, my heart is full of sadness, pois o fado da nossa vida, gives me strength to carry on...lá lá lá...”. E depois: “ligue para o 700 507 708 e vote na canção que mais gosta. Custo da chamada 0,60€”. Por mim, está enterrado para sempre.
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3 comentários:
Eu por mim também. Para sempre o enterro!
Se Faz Favor não é democrata (como aliás já se tinha percebido de alguns post seus: a votação por telefone é o equivalente moderno ao referendo! Antes o povo elegia quem iria eleger os cançonetistas que nos iam representar. Pelo meio os lobbies distorciam as realidades e por vezes ganhava não quem o povo queria, mas quem os representantes escolhiam. Estava errado! Agora a democracia chegou ao Festival, e todos nós da poltrona do nosso duplex podemos confortavelmente votar. Eu gosto de poder escolher, quem me representa e eu votei. Pena que me enganei no número e agora receba por SMS umas pequenas todas descascadas e que ainda por cima pague 0,60 euros por cada pequena e que não sei como des-subscrever a coisa.
Reparei também que jocosamente criticava o facto de cantarem em outras línguas que não a nossa! Relembro-lhe que em tempos idos esse grande homem que a vida levou um olho e o cabelo mas não a voz, e que assim cantava: "Adio, adio, auf widersen goodbye, adio, adio mein libe (desculpem o meu espanhol)" e que aqui não era bilingue mas trilingue ou até mais, revelando já que a tendência era para a globalização: Modernize-se e democratize-se Faz Favor!
O festival sempre foi o Eládio Clímaco e o resto são cantigas (miseráveis por sinal).
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