terça-feira, novembro 29, 2005

Mudam-se os tempos, muda-se o Monopoly

No outro dia li uma notícia que veio deixar ainda mais débil este corpo que já sofre de ciática e de uma dolorosa hérnia discal que todos os anos teima em aparecer para demonstrar de forma clara que é ela quem manda no meu corpo. Essa notícia era a de que a nova versão do Monopólio já não vinha com notas mas sim com cartões de crédito e uma maquineta a pilhas. E pensei: "Grande ideia! Finalmente lembraram-se de distribuir, com o jogo, um cilindro metálico-fálico para a malta se entreter enquanto se decide pela aquisição, ou não, da Rua Augusta ou uma estação de comboios." Errado. A maquineta a pilhas é mesmo um terminal de pagamento. Ou seja, as notas desaparecem e dão lugar à distribuição de um cartão de crédito a cada um dos jogadores. Esta mudança financeira vem acabar com a técnica de contabilidade criativa em que eu era perito: sacar dinheiro ao banco quando todos os meus adversários estavam distraídos.
O objectivo, dizem eles, foi tornar o jogo mais actual. Discordo. E gostaria de dar uma sugestão, em jeito de contributo, para o desenvolvimento futuro do Monopólio. A ideia é simples: acabavam com as casas e, para além de hoteis, disponibilizavam novas fontes de rendimento como centros comerciais e parques de estacionamento. Casas? Por favor! Todos nós já percebemos que, para além de não darem dinheiro, casas e ruas não combinam.
Mas voltando aos cartões, eu acho a introdução deste formato um perfeito disparate. Primeiro porque me parece estúpido andar a adquirir propriedades com um cartonito, segundo porque facilmente rebentamos o plafond e depois o banco não aceita desculpas do género: "Ai, veja lá bem como é que eu ando da cabeça: então não é que me meti à força toda a comprar o Restelo e depois fui comprar a Companhia da Electricidade? Ai resolva você o problema porque eu já assinei a escritura...".
Terceiro: temos de decorar mais um PIN, ter cuidado em não o divulgar a nenhum dos adversários e muito menos usá-lo na net. Com a ladroagem que anda por aí, arriscava-me no final do jogo a ver entrar em minha casa dois moldavos, um letão e um puto estúpido de Kiev para tomarem posse administrativa das minhas duas casas na Rua Ferreira Borges e do hotel no Campo Grande. É por estas e por outras que eu deixei de jogar e agora só bebo. Funciona como anestesia para as dores do corpo e eu divirto-me muito mais.

1 comentário:

Reinu disse...

Isso é muito pouco real. Nesse mundo do Monopoly todos teremos uns cartanitos para pagar as coisinhas com um plafond igual. No mundo real, vocês seriam esmagados pelos meus cartões platina, Gold e outros metais preciosos. Por isso companheiro, deixa-te da bebida e dedica-te a jogar Monopoly. Lá és igual a mim.