quinta-feira, janeiro 26, 2006

"Saldos" em saldo

Pergunto-me todos os dias, quando ando por “aí”, o que levará os comerciantes a serem tão originais e criativos em época de saldos. Refiro-me, obviamente, aos letreiros, sinais, placas e afins que comunicam antecipadamente (sim, porque estamos em crise) o início da caça aos monos...
Em primeiro lugar, a utilização da melhor palavra, aquela que melhor despertará a curiosidade dos transeuntes. Há várias alternativas: “SALDOS”, “LIQUIDAÇÃO”, “PROMOÇÃO/PROMOÇÕES”, “TUDO A X%”, “MENOS X%”, “BAIXA DE PREÇOS”, “NOVA BAIXA DE PREÇOS”,“OPORTUNIDADES”, “REDUÇÕES”, “FIM DE STOCKS”, “FEIRA DOS PREÇOS”, etc.
E depois, claro, a forma. Encontramos desde a vulgar folha A4 impressa com lettering do Powerpoint e bonecada foleira do clipart. Todas coladinhas no vidro do escaparate com fita cola amarelada. Há também o efeito visual “natalício” quando a “palavra” surge de dentro do spray branco tipo neve. E quando são as folhas grandes de cartolina de várias cores escritas a marcador? É maravilhoso...(A pessoa que as escreve bem tenta uniformizar a caligrafia mas nunca consegue). Já para não falar em letras de autocolante recortado: para as colar correctamente é preciso ter noções de perspectiva. Mas não, os “ésses” ficam sempre “zês”.
Finalmente, a mensagem complementar. Quando dizem “Até 70%!” o que realmente querem dizer é que existe UM único artigo (que ninguém “pega”) com 70% de desconto e todas as outras porcarias a 20%. Ou então “Tudo a 5,99€”. E depois vemos aquelas escalas ridículas que marcam os artigos com bolinhas de cor. E para azar nosso, a bolinha que equivale aos 5,99€ raramente aparece. A todos, os meus Parabéns!

4 comentários:

Reinu disse...

faz favor de não se esquecer das cadeias espanholas que pura e simplesmente utilizam "rebajas", tomando já a nossa colonização como certa e esquecendo que o português é a 4 língua mais falada no mundo.
O que seria se cada cadeia internacional, por ignorância linguística (como no caso dos espanhóis) ou por rentabilização de materiais utilizassem a palavra na sua língua natal: a Polo - saldes, as lojas do chinês - 繁體中, as de produtos russos -По-русски, e se as houvesse dos gregos -Ελληνικά. Era a torre de babel nas lojas de Portugal e na carteira junto ao Visa teria que se levar também o dicionário portátil da Porto Editora.

Reinu disse...

isso porque os espanhóis para virem para aqui não basta saldarem as porcarias que por lá fazem, têm também que baixar as calcinhas duas vezes que é como quem diz: rebaixá-las.

Anónimo disse...

Estou a escrever aqui porque me sinto insultado. Sou um profissional do ramo de aplicação de legendas de saldos e sinto-me enxovalhado com este seu artigo. Passe lá pela minha loja que eu faço-lhe um bom desconto, faço!

Sérgio Mak disse...

A Feira de Carcavelos nunca se renderá, nunca. O pregão gitano é ainda a mais forte arma de venda ao público.