terça-feira, julho 31, 2007

Mar adentro

Eu bem queria ter inventado esta história mas confesso que a minha capacidade de imaginação não vai tão longe assim. É bem real este enredo que quero partilhar convosco e que mostra que vivemos num país com pessoas surpreendentes, empreendedoras e que vêem dinheiro mesmo quando estão a meter água por todos os lados.
Reza assim. Recentemente um amigo meu foi surpreendido, por motivos que não interessam para a história, por um telefonema de um colega que perdera o rasto há mais de 20 anos, dos tempos de liceu. Depoiis dos "Olá, então essa vida? Tens filhos? Casaste? Fizeste aquela operação de troca de sexo? Onde é que fazes a depilação?" chegou a pergunta fatal que faz despoletar a conversa noutro sentido: "Então, o que é que tens feito?".
Atenção que ainda vão a tempo de mudar de blog porque o que aqui se escreve pode ter consequências imprevisíveis para a sua vida. Temo mesmo, e tenho ainda algum receio, de que tente fazer o mesmo que este jovem e ainda apareça com o corpo rebentado nas rochas de algum pontão da costa portuguesa. Ainda aí está?
O jovem, após acabar o seu curso universitário, e sem recursos financeiros de monta, com falta de perspectivas profissionais que o agradacem decidiu mudar logo de morada. De malas e bagagem decidiu sair de Lisboa e instalou-se numa pacata vila do interior português. Ligado ao mundo através da internet começou à procura de algo que o interessasse. Algo que lhe desse prazer, dinheiro e pouco trabalho. Pedofilia? Pornografia? Armas? Droga? Não. Mar. Mar, no sentido de água, esse mesmo que temos de ir para voltar.
O que encontrou ele na net fica como aperitivo para as próximas linhas de texto. Certo é que o jovem juntou o seu dinheiro, viajou até Cabo Verde e alugou um barco. Depois, graças ao seu curso de mergulho, decidiu descer até às profundezas do mar e fazer a sua recolha milionária. De três em três meses, o jovem mergulha durante 15 dias a fio para recolher conchas. Diga? Conchas? Mas conchas quê? Conchas, simplesmente conchas.
Há um mercado internacional de colecionadores de conchas. Um mercado disponível a pagar os olhos da cara por determinados exemplares. Há alguns que chegam a valer milhares de euros. Ele lá sabe quais são porque nos primeiros 6 meses do ano de 2007, o seu negócio de conchas chegara aos 500 mil euros (100 mil contos)! A merda de umas conchas!
Mas lamentava-se o jovem que é uma vida ingrata. Queixava-se de que na vila olham de soslaio porque nunca o viram trabalhar na vida, sabem que ele desaparece de 3 em 3 meses, a sua casa passou de modesta casita a moradia com mais assoalhadas do que a vila tem de casas. Todos acham que ele está ligado ao narcotráfico. Mas não é só lá. As autoridades aeroportuárias revistam o jovem e todos os seus pertences no aeroporto, sempre à procura de droga, cães farejam as malas mas só conseguem encontrar areia e sal. O homem chega a casa, desfaz as malas e começa a dspachar conchas para o mundo inteiro. Já tem uma lista de clientes, aceita encomendas, sabe o que procuram, sabe quais são as conchas mais valiosas e as mais procuradas. Também me parece óbvio que este negócio está livre de impostos. São conchas, são pequenos objectos que todos podem trazer na bagagem. O jovem queixa-se. Vai voltar para Lisboa para continuar o próspero negócio. E eu vou dar um mergulho à Costa da Caparica com o meu equipamento de snorkling. Nunca se sabe. Se não apanhar conchas, apanha-se um bronze.

7 comentários:

Carla Ferreira de Castro disse...

Oh Kinder tu podias ser polícia, acreditas em tudo! Tá-se mesmo a ver que esse amigo é traficante e as conchas são só uma carapaça para esconder o resto...

Anónimo disse...

Eu já tentei este número mas ficavam-se sempre com as pérolas no aeroporto.

Anónimo disse...

Ehehe...estava a imaginar uma pessoa do norte a dizer "bivalve"...eh.

Carla Ferreira de Castro disse...

Disse vibalbe? Eu gosto mais do Bach!

Sérgio Mak disse...

Epá, as únicas conchas que até hoje me deram algum gozo, ainda que efémero foras as Conchanatas ali da Avenida da Igreja.

E kinder, vê lá se n contas mais histórias de conchas. Deixam-me macambúzio...

Anónimo disse...

A vossa sondagem sobre a CML parece, não uma concha, mas um fóssil! Já era tempo de mudar a água...

Kinder disse...

o cliente tem toda a razão. Estamos a providenciar um novo questionário credível nesta taberna.