terça-feira, setembro 06, 2005

Uma cidade culta

Caso Maria Carrilho ganhe a Câmara de Lisboa, é de esperar que os níveis de cultura subam. Os portugueses já são filósofos, são profetas da desgraça, são poetas. Com Carrilho na Câmara, seremos mais que Homens, seremos Pessoas.
Esta é uma das muitas histórias que hipoteticamente poderiamos encontrar. Num autocarro da Carris, um utente entra e pede um bilhete:

Utente:
"É um bilhete, se faz favor!”

Motorista:
(À medida que dá o troco, começa a declamar)
“Um bilhete? O que será um bilhete senão a passagem para o percurso mais longo da vida? Será a utopia, o amor, ou a paz, o silêncio de um beijo que se aguarda no destino, ou ...”

Uma velha que está na primeira fila começa também ela a declamar, continuando o sofisma:
“...ou algo que se guarda, na ânsia de nunca perder,....”


De repente um espírio poético abraça todos os presente. Um jovem continua também o poema:
...”porque a saudade tudo leva. È um bilhete, por agora. Mas não depois. Será mais do que uma passagem.

Desta vez, um velho que se encontra junto à porta de saída do autocarro, grita ao motorista:
“Ó chefe, abra atrás!”

Motorista:
(Encolhe os ombros, abre a porta para o velho sair e declama)
“Pobre de espírito. Para quê olhar para trás, o bilhete leva-nos para a frente. A passagem é o futuro, Velho do Restelo...”

O velho responde chateado:
“Ei, pára aí. Velho do Restelo o caralho, sou de Campolide ó palhaço!”

Fim.

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