quinta-feira, agosto 31, 2006

Festival

Segundo um estudo de uma reputada instituição americana, os adolescentes que ouvem música através de leitores de MP3 (Ipod e seus derivados) estão mais propensos a praticar “o amor” mais cedo do que aqueles que não utilizam o aparelho.
A razão parece ser simples. Os adolescentes hoje consumem cada vez mais música. Sejam elas rap, hip-hop, pop or rock, a grande parte das músicas contém palavras, frases e mesmo orações que incitam ao coito inter-pessoal. Não ao coito do “jogo da apanhada” mas sim ou outro, o do jogo do “anda cá, que apanhei-te a jeito. Olha, coito!”.
Para provar a veracidade deste estudo, decidi ir até a um local onde a música fosse o catalizador e ponto aglutinador de jovens necessitadas de carinho e de amor. Olhando para o calendário dos festivais não só reparei que falhara o Sudoeste como Paredes de Coura escapara-me por entre os dedos restando-me apenas uma opção: a festa da aldeia da terra da minha avó em distantes terras transmontanas.
O concerto prometia a melhor edição de sempre. Como cabeças de cartaz – e logo no mesmo dia – estavam agendados dois artistas consagrados e que foram responsáveis pelo arrastamento e ajuntamento de milhares de convivas: o Nel Monteiro e a Romana. A enchente no largo da aldeia era de tal forma que até um velho afirmou entre falta de dentes: “nunca vi tal coisa, nem naquela altura em que o míldio me queimou a azeitona.” Desconheço o significado daquelas palavras mas sempre se desculpa pelo facto de ser terra de dialectos e de segundas línguas.
Mas o ambiente prometia. Antes de sair de casa borrifei-me com a “loção do amor”, um creme à base de feromonas, nandrolona e testosterona para estimular o contacto com as jovens. Assisti ao concerto entalado entre duas emigrantes luxambuerguesas, dois ucranianos, um grupo de brasileiros e três gajos de farto buço - mas que me foram apresentadas mais tarde como sendo a Angela e duas amigas.
Ainda o concerto não tinha começado e o meu plano ruira por completo. Os odores libertados pela minha loção do amor não conseguiram penetrar na espessa muralha de aromas que dominavam a festa constituída pela sardinha assada, entremeada e coratos. A loção não só funcionou como ao misturar-se com estes odores ganhou um cheiro de tal forma intenso que eu comecei a cheirar a virilhas.
Depois o Nel Monteiro não é propriamente um Justin Timberlake e nem mesmo toda a Romana chama tanto a atenção como uma só mama da Beyoncé. Também não me parece que o último sucesso do Nel Monteiro “Puta Merda Vida Cagalhões” conseguisse aquele nível de sensualidade e erotismo que andava à procura.
Depois também vim a descobrir que com a quantidade de emigrantes, imigrantes, turistas e locais com ausência de dentes, eu era o único que falava português. A língua, esse segundo orgão sexual, era agora um bloqueador que me impedia qualquer contacto inter-pessoal.
Foi só nessa altura que percebi que há coisas e estudos que só funcionam no outro lado do Atlântico. Estão a ver aqueles videos da MTV com gajas com farto peito, rabo saltitante e mexido, com movimentos travessos a dançarem à beira da piscina enquanto o rapper manda-lhe champangue para cima e vagarosamente passa a mão pelos gentis quadris das raparigas gritando repetidamente "gasolina"? Pois, não se apanha nada disso nas festas de aldeia.

6 comentários:

Sérgio Mak disse...

Esse grande Êxito esteve em grande rotação no meu pasquim nos últimos tempos, antes de termos sido ameaçados com remoção de orgãos importantes para a nossa sobrevivência (e descendência).

Sumares disse...

O que é cheirar a virilhas?

Mitra disse...

Eu penso que o autor queria dizer "cheirar a ervilhas". Por acaso odeio o cheio dos refogados. Não sei porquê mas fazem-me lembrar virilhas.

Mitra disse...

Caro se faz favor,
faça o favor de se meter na sua vida. Vá para dentro que isto cá fora não é para meninos.

Reinu disse...

desenganem-se os que leram este post.
O insucesso do kinder neste concerto da aldeia, prende-se com o seu permanente insucesso com as mulheres, devido principalmente à sua diminuta estatura.Porquê? Porque, por e simplesmente, não o vêem. Houve até quem o confundisse com o anão da aldeia (nas aldeias há sempre um anão) e este, não goza (se calhar, nunca "gozou") de sucesso entre as mulheres.
A verdade é que as festas da aldeia são um debroche.
Qualquer jovem da cidade, que vá a uma festa da aldeia o sabe. Sabe que entre a cerveja e a sardinha, há beijinhos na moçinha. Sabe que as emigrantes liberais, gostanm de bacanais.
O kinder não é exemplo. Nem com todas as ferormonas do mundo lhe pegam. Alguém já ouviu dizer que o corcunda de Notre Dame casou e viveu feliz para sempre?
Porque diacho, iria o kinder ter sucesso no concerto da aldeia, se não o tem fora dele?
Acho que o kinder, nem numa orgia com 30 mulheres para dois homens se safava.
A não ser que estas fossem ceguinhas e anãs, combinação que graças a Deus rareia.

Kinder disse...

Reinu, por vezes fico admirado como o teu hálito consegue apodrecer os teus dedos. Se não fosses meu amigo, metias-me nojo e asco.